Horizonte Perdido

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domingo, 1 de junho de 2014

Síndrome da insensatez humana


Maria Tereza Pereira

O mal não é mais uma abstração, é a realidade.
Tudo se multiplica neste poema-diagnóstico,
Traçando etcéteras de mazelas infindas:
Caminhos equivocados, a desconstrução do homem
No desvio, no extravio, na cegueira do mundo.

O homem no mundo da indigência espiritual,
da penumbra da inconsciência, das trevas da ignorância,
dos desenfreios do instinto, da atrofia da inteligência,
dos sentimentos medíocres, das paixões inferiores,
dos pensamentos destrutivos, das idéias estranhas,
do desconhecimento de si mesmo, da loucura,
da mente acostumada a não pensar, a tirania da submissão,
das almas penadas, dos erros acumulados,
das amarras psicológicas, das perguntas sem respostas,
da falta de alegria, do coração acostumado a sofrer,
da insensibilidade, da falsa liberdade, do temor instalado,
da mentira e do embuste, da subversão dos valores humanos,
do aniquilamento da moral, dos escândalos do poder,
dos negócios em nome de Deus, da fé explorada,
das promessas, das culpas, do pecado, das tradições,
das lendas acreditadas, das deformidades conceituais,
do descanso eterno, da inércia, dos moldes mentais,
do céu e do inferno, de anjos e diabos, do fogo eterno,
dos velhos hábitos, dos inúteis, dos trajes suntuosos,
do perdão que vicia, do estímulo à corrupção,
das segundas, das terceiras e quartas intenções,
da falta de sentido, das incompreensões, da razão imposta,
das cômodas posturas, das justificativas casuais,
do afeto que falta, da falta de tempo, e o egoísmo que sobra,
dos deserdados do amor, da dissolução da família,
da infância negada, do desamparo da juventude,
da desconfiança, da falta de amigos, da intolerância,
das guerras encomendadas, das torturas humanas,
da violência gratuita, das palavras mal ditas, das discussões,
das relações não resolvidas, das verdades escondidas,
da culpa do outro, a incapacidade de reconhecer o erro,
da memória contaminada pelas inutilidades,
das conversas fúteis, das conjecturas vazias,
do materialismo, das conveniências sociais,
dos diques da indiferença, da hipocrisia, de ser bonzinho,
da exaltação dos sentidos físicos, dos desejos insanos,
do circunstancial efêmero, do culto das aparências,
da beleza obrigatória, de ser jovem a qualquer custo,
do consumismo, dos excessos da vida idealizada,
dos vícios modernos, do frenesi da distração,
do stress, da rotina dos compromissos inadiáveis,
da sedução dos artifícios, dos engodos publicitários,
dos efeitos deslumbrantes, da anestesia das drogas,
dos sonhos descabelados, dos chistes maliciosos,
das personalidades, celebridades, a indiscrição estampada,
da perda da intimidade, da penhora sem resgate da honra,
das atrocidades civilizadas, dos genocídios e demais,
do horror das perseguições, dos crimes e infâmias,
das ideologias sem lógica, dos regimes seculares,
das esquisitices artísticas, da diletância sem nexo,
das armadilhas filosóficas, do negócio rentável da auto-ajuda,
da pressão cultural, os pacotes para imbecilizar,
das oposições gratuitas, da demagogia, das leis deturpadas,
da falta de ordem, da injustiça, dos heróis dissimulados,
da impunidade de uns e escravidão de outros,
dos erros legais, da paz negociável, do respeito a pancadas,
dos preconceitos sociais, raciais, religiosos, e demais,
dos conflitos entre irmãos, dos vencedores que ditam a história,
das experiências desaproveitadas, da falta de esperança,
do tempo consumido para corrigir erros humanos,
das questões repisadas, dos acontecimentos óbvios,
das realidades customizadas, das liberalidades,
das retrospectivas dos dias, de insípidas recordações,
da educação negligenciada, do homem de joelhos,
da redenção terceirizada, da vida sem horizontes,
do reinado da mente inferior, do império da dúvida,...

Por que se preocupar se um dia a vida acaba mesmo?
Eu vejo o mundo, somos mentes enfermas, parece incurável.
A insensatez do mundo também é minha, vivo e convivo com ela.
Por que essa agonia? Posso começar, limpar dentro, criar um novo ser...
Têm algo bom dentro de mim. Sinto um despertar, algo parece denunciar...
É, tem algo bom dentro de mim, há uma esperança, posso renascer...
É isso! A vida não acaba, não acaba...

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