Horizonte Perdido

Horizonte Perdido
nanquim s/ papel

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Me utilizo das formas, das cores e do movimento das linhas para expressar o que brota expontaneamente de dentro de meu próprio mundo.
À medida que crio cada coisa me diz seu nome; outras vezes, busco em meu interno a expressão do que compreende meu coração e surge a forma, o movimento, a cor ou o vazio. Posso assim dizer que me sinto identificada com cada expressão que surge de cada sensação manifestada: há algo nelas que sou eu mesma. Matê

“Tudo o que quero é viver o que brota espontaneamente de mim.
Por que isto me é tão difícil?” Hermann Hesse
.........................................................................

Tive um sonho, anotado e assim recordado na noite do dia 29.03.2000:
“Eu abro a porta de uma casa, uma porta grande e pesada, que dá para uma varanda, da qual se vê uma paisagem, um extenso campo... E alguém me entrega um presente, uma caixa de papel com rosas dentro. Rosas de tecido rosa claro, levemente acinzentado, de organza dobrada, acetinada; pareceu-me que havia palavras escritas em preto no tecido rosa.
Em seguida, estou noutro lugar, com uma amiga, numa feira de artesanato. E alguém me entrega um buquê de rosas, cor rosa claro, de organza, com folhas verde-musgo claro, do mesmo tecido, um tecido fino, quase transparente, folhas desenhadas, com palavras escritas em preto no tecido rosa...
No buquê havia também ramagens com pequenos botões cor de rosa no alto dos ramos. Achei lindo, nunca tinha visto nada igual. Desdobrando o tecido verde dos ramos e demonstrando uma grata surpresa, dizia para minha amiga:
- Vou deixar meu trabalho para fazer um curso de flores, para trabalhar com isso. Uma pessoa com um pouco mais de paciência pode fazer isso muito melhor ainda...”

Durante os quatro meses seguintes a este sonho procurei por um curso de flores de tecidos em Ribeirão Preto e não encontrei. Então, desisti.
A seguir, em Agosto de 2000, em função de um revés no meu campo profissional, decidi que era hora de fazer algo por mim, não devia esperar me aposentar para dedicar-me às artes. A pintura sempre foi uma aspiração recôndita de meu ser, não podia esperar mais. Procurei por um Curso de Desenho e Pintura e iniciei-me neste afazer; uma vez por semana eu aprendia com a Profª Luciane Frenhi; aprendia a olhar, observar, traçar formas, tons e sombras, a carvão e depois com lápis de cor. Tinha algumas idéias para exprimir, pareciam abstratas, mas não sabia bem o que queria fazer, qual técnica aprender.

O lápis de cor surgiu casualmente; vi um menino ao meu lado, na aula, colorindo com o lápis de cor e resolvi comprar uma caixa. Era uma Faber-Castel nacional de 48 cores. Comecei pintando uma “natureza morta com bules” desenhada com carvão. Depois ganhei da professora um pedaço de papel Fabriano para eu colorir um vaso com três flores – ficou sofrível! Mas eu gostava da cor e fui fazendo pequenos exercícios, conhecendo as combinações de cor, ensaiando tom sobre tom; alguns trabalhos continuavam sofríveis, outros começavam a me agradar.
Em fins de setembro, Luciane participou nos EUA, em Passadyna, de um Congresso de Artes; fez uma aula de lápis de cor, me trouxe suas impressões, me passou o que aprendeu e revistas americanas que tratavam desta técnica – com depoimentos e trabalhos de artistas que usam o lápis de cor. Fiquei encantada com o que li, especialmente com o trabalho de Bet Borgeson, que passou a ser minha grande inspiração nesta técnica a partir de então.
Relata esta artista que fez Belas Artes e passou muitos anos procurando sua realização, mas insatisfeita com o que produzia; queria fazer algo no qual pudesse desenhar e pintar, ao mesmo tempo. Um dia encontrou-se com um ex-colega de faculdade que lhe mostrou alguns desenhos seus feitos com lápis de cor, e ela resolveu tentar e descobriu a técnica que procurava, dedicando-se a ela daí por diante.
Eu, por minha vez, fiquei entusiasmada com o que li e com seus trabalhos na revista. Peguei outro pedaço de Fabriano e fiz uma rosa, e depois outra, e fui aprendendo.
Começava a encontrar um caminho.
Tive que interromper as aulas por vários motivos, mas continuei a trabalhar sozinha e estudar o material que tinha em casa. Em Abril de 2001 resolvi mostrar alguns trabalhos feitos para meus amigos – gostaram e comecei a vender! Que alegria!...
Naquele então, um dia, desenhando em casa, olhei para as primeiras rosas que havia pintado, emolduradas na parede à minha frente, e recordei-me daquele sonho. E percebi surpresa que ‘estava fazendo rosas... estava fazendo rosas!’ Este foi o início de minha história com as flores.
Daí por diante, continuei a estudar o lápis de cor e as flores; me embrenhei no universo das plantas e flores, e sobre técnicas de desenho e pintura; freqüento bibliotecas e livrarias, compro livros sobre o assunto... E para completar, ganhei o livro ‘The colored pencils’, escrito por Bet Borgeson.

Também tenho experimentado, com desenho em nanquim e pintura em lápis de cor, fazer aqueles meus esboços ‘geométricos desconstruídos’. – E em 2003, casualmente comecei a fazê-los em nanquim, resultando em enorme satisfação, principalmente no sentido de dar vida a eles fora de minha mente, porque brotam espontaneamente de meu interno.

Também fui fazer cursos em Ribeirão Preto, na Escola de Artes do Bosque, no SESC e no MARP, freqüentar aulas e exposições, aqui e em São Paulo.
Estudei grafite, tinta acrílica e xilogravura. Me apaixonei pela gravura; num futuro breve ainda dedicarei também um tempo a ela.

“…la mejor obra de arte que puede ejecutar el hombre, es la perfección de sí mismo hasta llegar a ser el modelo que habrán de admirar las generaciones futuras.”
González Pecotche, criador da Logosofia
......................................................................

Um comentário: